quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

materia em movimento


            
Hoje voltei a ter sentimentos mórbidos. Porque será? O que eu andei fazendo para que eles voltassem? Estranho isso. Pensei se eu morresse o que de fato aconteceria. Pensei também em como eu poderia morrer. Pensei em fazer esporte mais radical. Porque se caso nao morresse teria emoções fortes, e talvez a vontade de morrer passasse ou mesmo se tornasse vontade de viver. 
Quando cheguei de viagem coloquei um vasilhame atras do vaso sanitário. Porque desde minha ausência ele deu pra pingar e para nao molhar o chão, coloquei esse vasilhame. Nada pior do que entrar num banheiro com chão molhado. Hoje cheguei em casa com pensamentos mórbidos e o vasilhame estava a uma gota de transbordar. Um vasilhame de um litro, que leva em torno de oito horas pra encher. Parecia que ele estava me esperando. Tal um cachorro, esperando que vc o leve pra mijar. Acho que Deus olha o mundo através dos meus olhos, mas também através dos olhos de todo mundo. Inclusive dos olhos das pedras. Hoje aprendi com o vasilhame atras da minha privada. Ele me mostrou que estava segurando a onda. Se realmente me atrasasse ele nao aguentaria e mandaria uma ondulação em serie que jamais retornaria. Seria um movimento catastrófico. Os olhos do vasilhame atras da minha privada me ensinaram isso. Desde sempre penso no destino das coisas. As vezes um simples papel que viaja em meu bolso por dias, semanas ou meses e que deposito num lugar muito distante de onde originalmente encontrei. As vezes levo coisas (como um bilhete de cinema que acho num bolso)  de uma cidade a outra ou mesmo outro pais, no momento do abandono penso na minha interferência no destino da coisa. Mas se é destino, entao é a coisa mesmo que esta pegando carona no meu bolso e só agora me pediu pra descer. Fico entediado por estar muito tempo num so lugar. Ja temos que repetir todos os dias as mesmas coisas, caso seja outra casa, bairro, cidade ou pais a rotina deixa de ser repetição. O povo mais antigo do mundo é um povo nómade. Sao pastores de gado. Vivem atras da chuva na África.